Apesar de cada vez mais o sexo, bem como a discussão sobre sexualidade, estar cada vez mais difundido ainda vivemos em uma sociedade que nos reprime com relação a tais questões. Tanto os homens quanto as mulheres sofrem diferentes pressões sociais, enquanto eles são estimulados a saber “chegar” nas mulheres e terem grande desempenho sexual exige-se das mulheres que as mesmas sejam recatadas e “sexualmente comportadas”.
Por isso, ainda hoje falar sobre a sua sexualidade é um processo difícil principalmente quando se está passando por algum problema como o Vaginismo.

O vaginismo é uma disfunção sexual que segundo o Código Internacional de Doenças – CID10 é definido como “espasmos da musculatura do assoalho pélvico que circunda a vagina causando oclusão do intróito vaginal”, ou seja, devido aos espasmos musculares o canal vaginal fica fechado impedindo a introdução do pênis. A causa pode ser orgânica ou psicológica.

Os espasmos (contrações) vaginais podem ocorrem não somente na penetração, mas também quando ela é prevista ou imaginada pela mulher. Além disso, pode ocorrer reações como náuseas, sudorese, falta de ar e taquicardia em decorrência do medo, ansiedade e tensão vivenciados frente à situação de penetração (Pinheiro, 2009).

Segundo Leite (20–), podemos classificar o vaginismo em primário ou secundário. “O primeiro é de ordem psicológica e involuntária, o segundo tem causas fisiopatológicas, como infecções ginecológicas, algumas doenças neurológicas, etc.”

É importante salientar que a sexualidade é influenciada por fatores biológicos, psicológicos, políticos, históricos, educacionais, religiosos etc, tais fatores moldam padrões e valores morais rígidos que muitas vezes trazem grande sofrimento e doenças psicossomáticas.

O tratamento do vaginismo pode ser de ordem médica, psicológica, medicamentosa e até mesmo de um profissional de fisioterapia. Deste modo, é importante termos em mente que a saúde é biopsicossocial, ou seja, não podemos ver as pessoas apenas pelo aspecto biológico mas sim que somos atravessados por diversas variáveis.

No acompanhamento psicológico é importante acolhermos a mulher ou casal com uma escuta qualificada e com todo cuidado. As várias experiências que a mulher e/ou casal passam são um conjunto de forças que influenciam o comportamento e as emoções.

Se a relação do casal não está bem isto pode influenciar a satisfação sexual fazendo com que a lubrificação vaginal seja insuficiente dificultando a penetração do pênis ou do dedo.

Caso a mulher esteja angustiada, com algum sentimento de culpa, tenha tido uma educação rígida ou ainda tenha sofrido alguma violência sexual, tais sensações podem interferir no desejo sexual ou no caso de uma violência esta ser revivida nos momentos nos quais a mulher tenta estabelecer uma relação sexual.

Assim, além do acompanhamento médico é muito importante a mulher ser acompanhada por outros profissionais que poderão orientá-la sobre os diferentes aspectos que envolvem o vaginismo.

REFERÊNCIAS:
CID-10. 10. ed., [S.l.], 1993. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br/cid10/webhelp/cid10.htm>
LEITE. (20–). JAS FARMA, COMUNICAÇÃO. Vaginismo Impede Relações Sexuais. [S.l.]. Disponível em : <http://saude.sapo.pt/artigos/?id=752686>.
PINHEIRO. (2009). O casal com vaginismo: um olhar da Gestalt-Terapia. IGT na Rede, vol. 6, nº 10.

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