No início dos anos 90 a Síndrome do Pânico não era muito conhecida pelos profissionais de saúde, era comum os pacientes serem consultados por diversos profissionais sem chegar a uma conclusão real daquilo que viviam, isso se não escutasse a famigerada frase “você não tem nada”. Ao longo do tempo percebeu-se que tal distúrbio poderia estar ligado ao atual momento sócio-histórico: período de mudanças rápidas, do consumo imediato, do estresse e insegurança. Tudo isso causa muito desgaste e medo. A dificuldade de lidar com o medo aparece como uma expressão das fragilidades individuais (Pinheiro, 2004).

Mas o que é a Crise de Pânico?

Segundo Dalgalarrondo (2008) as crises de pânico são classificadas dentro das síndromes ansiosas e caracterizam-se por crises intensas de ansiedade ocasionando sintomas como: taquicardia, suor frio, tremores, desconforto respiratório, náuseas, formigamentos em membros ou lábios. Ainda segundo o autor nas crises intensas é possível ter, em diferentes graus, a sensação de a cabeça ficar leve, de o corpo ficar estranho, sensação de perda de controle e de estranhamento de si mesmo. Também é possível sentir o ambiente, antes familiar, estranho/diferente/não-familiar.

As crises são de início abrupto e curta duração, além disso geralmente ocorre um considerável medo de ter um infarto, de morrer ou enlouquecer.

Entendendo a Crise de Pânico

As pessoas que experimentam uma crise de pânico acabam vivendo um ciclo vicioso, pois a partir do momento que se tem a primeira crise o medo de vivenciar novamente tais sensações torna-se tão intenso que acaba por desencadear a própria crise: é o que chamamos de “medo de ter medo”.

Qualquer sensação corporal interna é vivido como uma possibilidade eminente de desencadear a crise de pânico. A pessoa por ficar com medo acaba por fantasiar  possíveis desdobramentos ocasionados por tal sensação corporal, a insegurança pelo o que pode acontecer no instante seguinte é tão aterrorizante que as alterações fisiológicas acabam se intensificando e a crise ocorrendo.

 

Imagem_crise de panico

 

Tratando a Síndrome do Pânico através da Gestalt-Terapia

Apesar de se tratar de uma síndrome na qual sinais e sintomas serão parecidos em diferentes pessoas a Gestalt-Terapia entende cada pessoa como única e a vivência de tais sintomas como própria dessa pessoa, deste modo a relação estabelecida entre terapeuta e cliente será uma manifestação singular do encontro entre essas duas pessoas.

Além da medicação a psicoterapia é de fundamental importância para o enfrentamento dos fatores desencadeantes da crise. A medicação funcionará como um “curativo”, ou seja, protegerá a “ferida” e a psicoterapia ajudará a modificar os fatores que geraram tal ferida através do auto-conhecimento.

Pessoas que enfrentam crises de pânico geralmente são pessoas que passam por cima de si mesma, são voltadas para o mundo externo, preocupadas com os outros e metas. Se esquecem de olhar para seus próprios limites. É comum que antes de viverem a Síndrome do Pânico já tenham apresentado outros sintomas como gastrite, dores pelo corpo, alergias etc, porém nunca pararam para “ouvir o que o seu corpo estava dizendo”.

A Gestalt-Terapia nos fornece excelentes ferramentas para lidar com o transtorno ao possibilitar que tenhamos uma visão ampliada da crise através de recursos que estimularão o conhecimento sobre o próprio corpo que levará ao entendimento, de dentro para fora, de como a doença é construída. Ou seja, a pessoa irá aprender como funciona o desencadeamento da sua crise ao experimentar suas sensações físicas no intuito de compreender como as mesmas surgem a partir de movimentos subjetivos que estão envolvidos na construção da crise.

 

“A experiência de dar atenção às próprias sensações físicas e a partir daí encontrar um equilíbrio, uma sensação de tranqüilidade, é uma experiência muito importante, pois a pessoa que vive o quadro de pânico tenta fugir de suas sensações físicas, tenta não sentir. Ter a oportunidade de experienciar o próprio corpo e reaprender que se a pessoa deixa, o corpo volta ao equilíbrio, é importantíssimo na superação do quadro de pânico, pois instrumentaliza o individuo de forma a que ele amplie suas possibilidades de conseguir interromper a reação em cadeia.” (PINHEIRO, 2004)

Há ainda o ponto mais importante do processo terapêutico: qual o intuito da presença da crise de pânico? O que ela me ensina? A crise de pânico surge como um alerta para nos dizer que algo não está equilibrado em nossas vidas. Algo na forma como a pessoa se relaciona com o mundo não está indo bem e precisa ser revisto. Assim, o objetivo central será o de aprender o que tais sintomas contam sobre a pessoa e da forma como se relaciona.

 

REFERÊNCIAS:

DALGALORRONDO, P. (2008). Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed.

PINHEIRO, M. (2004). A clínica da Síndrome do Pânico. Rio de Janeiro: IGT na Rede.

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