Como o medo a ansiedade é um sentimento ancestral na vida dos seres humanos, ela faz parte do sistema natural de defesa e nos auxilia a ficarmos atentos ao que se passa ao nosso redor.

Mas afinal que sensação é essa que a ansiedade nos traz?

O psiquiatra australiano Aubrey Lewis descreveu o termo como “um estado emocional com a qualidade do medo, desagradável, dirigido para o futuro, desproporcional e com desconforto subjetivo”. Para ficar mais próximo do nosso dia-a-dia podemos pensar naquela sensação de que não daremos conta de tudo ou de uma constante preocupação com coisas que estão por vir, assim é uma sensação de alerta constante por uma situação que pode (ou não) causar sofrimento. Devido a possibilidade do sofrimento o medo, geralmente, caminha ao lado da ansiedade, porém diferentemente do medo a ansiedade é uma sensação que se projeta para o futuro portanto nos possibilita criar estratégias para eliminar o perigo.

O problema se encontra na forma como lidamos com a ansiedade. Se tendemos a ter um pensamento catastrófico, ou seja, que sempre o pior pode acontecer, tenderemos a estar constantemente em um estado de alerta.

Mas por que algumas pessoas são mais tranquilas e outras mais ansiosas?

As razões são várias, desde fatores genéticos até a experiências anteriores de vida. Por exemplo, se você sofreu um assalto em uma determinada rua talvez em outros momentos quando passe por essa mesma rua a tendência será que fique mais ansioso mesmo que a rua aparente tranquilidade.

“ ‘Enquanto que na Antiguidade, a ansiedade surgia de fatores externos, como doenças e catástrofes naturais, a dos nossos tempos é imposta por nós mesmos. Podemos até chama-la de ansiedade neurótica’, diz Christian Perring, professor de filosofia da Universidade Dowling em Nova York, que estuda a relação entre filosofia e psiquiatria. Os fatores que mais causam preocupação atualmente são coisas muito menos tangíveis, como satisfação no emprego, realização amorosa, visual perfeito. Como nossos antepassados ainda estavam ocupados em sobreviver, dificilmente tinham as crises e neuroses que temos agora. De fato, boa parte das nossas apreensões vem das milhares de possibilidades de escolhas que temos hoje em dia.” (HUECK, 2008)

E quando a ansiedade começa a se tornar um problema? Onde a terapia entra?

As vezes as preocupações tornam-se tão intensas que as reações físicas provocadas começam a ser um transtorno: taquicardia, falta de ar, boca seca, suor. Como a ansiedade é uma preocupação projetada para o futuro muitas vezes a ameaça nem se torna algo concreto, então o corpo tem todas essas reações à toa. E acaba havendo um efeito cascata, acabamos por ficar mais preocupados devido ao possível surgimento de tais reações que acabam por realmente acontecerem pela excessiva preocupação.

Atualmente existem medicações que atuam em determinadas áreas cerebrais que auxiliam no combate a tais reações, porém a ansiedade está ligada a algo mais amplo: a forma como encaramos o mundo. Assim, somente a medicação não ajudará a pessoa a entender seus pensamentos catastróficos, o mais indicado é uma ação conjunta com a terapia. Pois, através da terapia é possível entender como é a sua relação com o mundo e com esse futuro sempre visto de forma tão ruim.

REFERÊNCIA:

HUECK, Karin. (2008). Sobre a ansiedade. Revista Super Interessante.

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